Em 2011, Star Wars: The Old Republic chegou ao mercado apresentando algo que poucos games haviam mostrado até então: investimentos pesados em dublagem cinematográfica. Cerca de 250 mil linhas de falas foram gravadas por 320 atores para o título. A produção entrou no Guinness: Star Wars: The Old Republic é o game com o maior número de atores interpretando vozes.
Mas será que vale a pena investir tanto dinheiro nas dublagens? Há quem ache que sim, sendo esse um dos requisitos para que os jogos de video game sejam considerados “arte”. Por outro lado, há muitos que dizem que a indústria dos games sobreviveu muito bem até hoje sem elas. Confira agora alguns dos momentos em que a dublagem pode ser primordial – e quando ela pode ser deixada de lado.
Quando a dublagem faz parte do gameplay
É possível imaginar como seria L.A. Noire sem as dublagens? Para a produção do título, a Rockstar Games criou um novo sistema chamado MotionScan, sendo ele responsável pelas expressões mais realistas de toda a história da animação de jogos. E isso não foi apenas um recurso utilizado em filmes apresentados durante a ação, é parte integrante do enredo.
Para identificar se os personagens existentes na trama estão falando a verdade ou não, os jogadores precisam analisar suas feições e também as falas – sendo que qualquer nervosismo deve ser detectado. Caso quisesse criar o jogo sem a dublagem, a Rockstar precisaria de muito texto em tela – lembrando muito o que acontecia com jogos mais antigos.
Outro título que merece ser destacado é Heavy Rain. Sendo um dos primeiros títulos a se preocupar com a dublagem em vários idiomas, o game conseguiu conquistar muitos fãs com seu enredo bem estruturado e sincronia com as vozes utilizadas – fazendo com que elas não fossem apenas um recurso adicional e dispensável.
Recursos estilísticos
Imagine um dos seus MMORPGs favoritos. Quantos personagens você se lembra de ter visto nele? Dublar cada um deles seria uma experiência muito dispendiosa – um exemplo disso é o já citado Star Wars: The Old Republic. Há muitos jogadores que reclamam, com frequência, da falta de vozes em World of Warcraft, pois isso torna a experiência do game muito mais fria.
Para essas pessoas, vozes para cada personagem seriam ideais para criar uma ambientação mais profunda do que a oferecida por legendas. Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que isso deixaria os jogos muito mais pesados do que o normal, o que pode ser um problema para games que rodam, exclusivamente, online.
Em muitos casos, a dublagem pode ser utilizada apenas em filmes de ambientação, como acontece com os jogos da franquia Assassins Creed – que até usa vozes durante o gameplay, mas em doses reduzidas. É o tipo de dublagem que pode ser considerada apenas um “recurso de estilo”, que não altera muito a história, mas (indiscutivelmente) deixa os games mais completos.
Outro jogo que merece destaque é Grand Theft Auto IV. A dublagem poderia ser substituída por legendas, mas muitos personagens perderiam algumas de suas características principais. Isso vale, principalmente, para personagens estrangeiros. Os russos do game não ficariam tão bem criados se não fosse a dublagem com sotaque que é utilizada.
Jogos que sobreviveram sem dublagem
É preciso lembrar que, por muitos anos, a indústria dos games sobreviveu sem a presença da dublagem. Antes por limitações tecnológicas, depois pelo fato de poucas desenvolvedoras julgarem necessários os investimentos nisso. Independente dos fatores, há muitos games que conseguiram alcançar o sucesso com outros recursos.
Monkey Island, por exemplo, tinha uma história muito envolvente e conseguiu conquistar milhões de fãs utilizando apenas legendas. Ainda, um exemplo de franquia que dispensa a utilização da dublagem até hoje é Final Fantasy. A série da Square Enix teve início em 1987, época em que os cartuchos não apresentavam a possibilidade de reproduzir vozes com clareza.
Anos mais tarde, quando os títulos chegaram ao PlayStation, os “investimentos sonoros” começaram a ser aplicados em trilhas sonoras de alta qualidade. Sendo um dos títulos mais bonitos de toda a série, Final Fantasy IX apresentava apenas legendas para mostrar as conversas.
Algumas das cenas mais bonitas do game eram os filmes que mostravam as transições do enredo. Com muitos cenários e personagens belíssimos, a história nesses momentos era contada apenas com gestos e trilha sonora, sem qualquer tipo de voz sendo colocada no áudio.
Quando qualquer texto é desnecessário
Os games que citamos anteriormente mostram que nem sempre a dublagem é necessária. Mas será que os jogos precisam de textos para conseguir prosperar? Ao mesmo tempo em que alguns títulos se baseiam apenas em legendas (sejam elas durante a jogabilidade ou em momentos de transição), outros são completamente “mudos”.
É o caso de Journey, que dispensa qualquer tipo de diálogo, mas não abre mão da narrativa do game. O mesmo se aplica a um dos melhores jogos independentes já criados: Limbo. Em uma ambientação sombria e bem estruturada, o jogo consegue prender a atenção de qualquer pessoa sem que haja qualquer interação textual.
Isso também se aplica aos jogos que não envolvem qualquer tipo de história. Games de esportes, lutas e plataformas Beat’em up dispensam o enredo e qualquer forma de interação. Ainda assim, títulos como Street Fighter e Mortal Kombat acabam utilizando vozes para os personagens em diversas situações.
Todos falam, menos eu
Um tipo de reclamação que parte de diversos jogadores: “Todos os personagens falam. Menos o que eu controlo”. E é verdade, há muitos games em que inimigos, amigos e até mesmo personagens irrelevantes possuem voz, menos o protagonista. Exemplos não são raros e podem ser encontrados até mesmo em jogos de alta qualidade.
Em Half-Life, personagens dos mais diversos tipos possuem voz, mas Gordon Freeman literalmente “entra mudo e sai calado”. Outro que pode ser destacado é The Elder Scrolls V: Skyrim. Em nenhum momento do jogo é possível ouvir a voz do personagem principal, sendo a dublagem um recurso exclusivo dos NPCs – e que gerou frases épicas, como “até tomar uma flechada no joelho”.
No futuro, com os avanços dos sensores de movimento e sistemas de reconhecimento de voz, é possível que os games possam ser muito mais interativos. Reconhecendo comandos que o jogador realiza pelo microfone, interações muito mais profundas podem ser realizadas – e isso vai além do “quick save” ou “quick load” do Skyrim.
.....
Como você viu, existem vários argumentos para aqueles que defendem o uso de dublagem em games, mas também há provas de que os jogos podem sobreviver sem ela. Agora é a sua vez de dizer o que pensa. Na sua opinião, qual é a importância das vozes sendo aplicadas diretamente aos personagens?
0 comentários:
Postar um comentário